domingo, 11 de julho de 2010

Gouveia Neto, por quê?

Sempre digo que onde chego, pareço ter escrito na testa: “me chamem de Neto”. Em qualquer lugar que eu esteja, duas características não me fogem: todos sabem que sou natural de Barroquinha e que atendo por Gouveia Neto, ou apenas Neto se preferirem.

Os amigos mais próximos, assim como, os colegas de trabalho, ficam indagando:

- Como um cidadão que não tem “Neto” no nome, pode ser chamado assim?

Respondo, na maioria das vezes, que a estória é longa e que irei explicar depois. - E esse depois nunca acontece. Eles dizem.

Para esclarecer de vez, àqueles que ainda não conhecem essa pequena estória vou dizer-lhes o que aconteceu.

Quando nasci, minha mãe falou ao seu pai, o velho Chico Gouveia, que me chamaria Francisco Gouveia Neto, uma justa homenagem ao mesmo. Assim, logo os familiares passaram a me chamar de Netinho, é claro.

Naquela época, os pais não tinham a obrigatoriedade, que existe hoje, de registrar seus filhos recém-nascidos, deixando para registrá-los num momento oportuno.

Comigo não foi diferente. – ‘Todos já o conhecem por Netinho, a gente registra depois’; disseram meus pais.

Quis o destino, que após meu primeiro ano de vida, meu avô viesse a falecer sem que eu ainda possuísse certidão de nascimento.

Meses depois meu pai, de comum acordo com minha mãe, fez meu registro colocando seu sobrenome no primeiro filho, excluindo o nome Neto, oficialmente.

Com a morte do pai, minha mãe herdou uma botica homeopática, chamada assim pela família, da qual meu avô tirava um complemento financeiro à sua aposentadoria, revendendo remédios homeopáticos receitados por ele próprio.

A referida botica, na realidade um pequeno armário de madeira cedro, que guardava remédios fabricados com produtos naturais de medicina alternativa, precisava adquirir as mercadorias para atender as solicitações de muitos pacientes da nossa localidade.

Diante do pedido de muitos, minha mãe, resolveu escrever ao fornecedor, no Rio de Janeiro, assinando o remetente como Gouveia Neto, numa tentativa de informá-lo, nas entrelinhas, que uma segunda pessoa estaria assumindo a botica.

Desde então, em todos os meus documentos constam Francisco Gouveia Farias, porém, carrego comigo o peso e a responsabilidade que representa para minha família e para o passado de nossa cidade, o nome Francisco Gouveia.

Um comentário:

  1. É meu amigo a responsabilidade é graande mesmo, pois Seu Chico Gouveia como era carinhosamente chamado, juntamente com seu vizinho e compadre Raimundo Marcelino, são hoje, lendas vivas de nossa terrinha.

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