Após cinco gestações, sendo todas de crianças do sexo masculino e de ter abortado espontaneamente as duas primeiras, minha mãe sonhava em ser mãe de uma filha mulher.
Tio Fernando Gouveia, irmão de minha mãe, e tia Aurí, sua esposa, haviam sido padrinhos de uma menina, por nome de Cristina, e acabaram por adotá-la como filha.
Filha do casal Manoel e Cícera, a menina Cristina era irmã gêmea de outra menina, esta por nome Cristiana, que apesar de um ano de vida ainda não andava e não pronunciava palavra alguma.
O referido casal, tinha muitos outros filhos, inclusive um bebê, recém-nascido. E, na época, a situação em que as crianças viviam não lhes proporcionavam grandes perspectivas de vida.
Então, incentivada pelo irmão e pela cunhada e da aceitação dos pais biológicos, minha mãe resolveu tomar a outra menina, Cristiana, para criar e assim realizar um sonho antigo de ter uma moça em nossa casa.
-‘Pra outra pessoa não. Mas, para senhor Vicente e dona Gouveinha, eu aceito que ela vá!’. Disse a mãe Cícera.
Em 1980, nossa irmãzinha chegou a nossa casa.
Miudinha, nem sentava direito, virou a patetice da família e logo, por eu seu o mais velho, passou a ser uma de minhas tarefas de casa, fazê-la dormir.
Observei que aquele, agora, nosso bebê, tinha como hábito se auto-acalentar. Pois, quando estava com sono, nem precisava eu balançar a redinha dela. Ela própria, sozinha, fazia um movimento de meio giro com as perninhas, proporcionando-lhe sono profundo.
Mesmo não sendo de sangue, Cristiana ocupou o espaço no seio da família como nossa verdadeira e única irmã. Herdando também como seus, nossos avós, nossas tias, nossos tios, primos e primas, parentes e aderentes.
Pois, acredito que esta foi uma missão que meus pais obtiveram para esta vida, e que assim como a mim, ao Emanoel e ao Paulo, também a ela, teriam que receber como seus verdadeiros filhos e filha.
Nossa família não estaria completa se nossa irmã Cristiana não existisse.
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